Incêndios – e não naufrágios – são a causa mais frequente da perda de barcos. E eles quase sempre têm origem num só ponto: a parte elétrica. Portanto, fique ligado e confira uma lista dos seis maiores riscos que se pode correr com o sistema elétrico de sua embarcação.
1- Terminais e conexões em mau estado
O “coração” das instalações elétricas são os terminais e as conexões, especialmente das baterias. Se eles estiverem frouxos, podem superaquecer e derreter os cabos. Para evitar isso, faça um check-up completo, tanto na fiação quanto nos seus complementos, pelo menos uma vez por ano.
2- Voltagem diferente nas tomadas da marina
Como a maioria das marinas não segue um padrão na voltagem, há sempre a possibilidade de a tomada do cais não ser compatível com a do seu barco. Assim, curtos-circuitos podem ocorrer, afetando até mesmo a parte eletrônica dos motores.
3- Instalar equipamentos diferentes
Certifique-se de que o automático das bombas é compatível com a corrente elétrica. Instalar um modelo errado por fazer com que a bomba não funcione na hora que você mais precise dela. Da mesma forma, tome cuidado com certos acessórios, como micro-ondas e secador de cabelos, que puxam bastante energia e podem superaquecer a fiação.
4- Equipamentos que não desligam
Se o seu barco tiver guincho elétrico ou bow thruster, verifique periodicamente o sensor de acionamento desses equipamentos. Como eles consomem altas correntes, a quebra do sensor pode fazer com que eles funcionem ininterruptamente, sem você perceber. E isso pode ferar superaquecimento na fiação.
5- Equipamentos em contato com a água
O inversor deve ficar sempre o mais próximo possível das baterias, para evitar quedas de tensão. Mas é importante instalá-lo sempre o mais alto possível no porão, para evitar contato com a água empoçada, o mesmo valendo para qualquer equipamento elétrico. Energia e água não combinam.
6- Infiltração de água no painel
Barcos com comando aberto não estão livres de respingos d’água – seja na navegação ou na lavagem do casco. E esse contato com a água pode gerar pontos de ferrugem nas conexões das fiações, além de comprometer a durabilidade dos cabos. A única maneira de evitar isso é checar periodicamente as vedações de borrachas no painel e, no caso de vazamento crônico, não molhá-lo ao lavar o barco.
Gambiarras? Nem pensar! Sobrecargas e maus contatos são sempre prenúncios de tragédias.
Fios, conectores e baterias mal instaladas são os principais gatilhos nos incêndios de origem elétrica a bordo de qualquer barco. “Se eles não forem dimensioados para a energia que recebem, ou se não estiverem bem conectados, acabarão liberando calor ou derretendo, o que, em ambos os casos, é perigosíssimo”, afirma o especialista em instalações elétricas náuticas Roberto Brener. Portanto, tire da cabeça qualquer ideia de “dar um jeitinho” na parte elétrica do barco. E anote aí alguns lembretes essenciais.
– Use apenas fios de cobre estanhados e certificados, para evitar corrosão.
– Sele os terminais e as pontas dos fios com silicone, para vedar a entrada de ar entre o cobre e o plástico que reveste os cabos.
– Os terminais dos cabos da bateria devem ser prensados e não soldados. A solda enrijece os cabos, tornando-os sujeitos a quebras.
– Use disjuntores termomagnéticos, que protegem contra sobrecargas e curtos. Mas, atenção: há disjuntores que não funcionam em correntes contínuas.
– Fusíveis em circuitos de alta corrente costumam criar quedas de tensão. Se isso acontecer com baterias fracas, pode dificultar a partida do motor.
– Cabos de arranque do motor e do ferador não precisam ter fusíveis próprios. Bastam cabos superdimensionados.
– Para não tombar o balanço do barco, a bateria deve ser bem presa, mas com cintas ou cabos que não contenham partes de metal.
– Em hipótese nenhuma, qualquer fiação deve passar perto de alguma mangueira de combustível.
– A fiação deve ser fixada a cada 25 centímetros ao longo do barco. Mas não muito esticada, para não romper com os trancos, o que é mais frequente do que parece.
*Saiba quais os equipamentos que exigem mais manutenção nas lanchas
Não basta ter um barco, é preciso cuidar dele! Uma boa manutenção deveria fazer parte do dia-a-dia de todos os donos de barcos. E por uma boa razão. Imagine-se num passeio com a família, a bordo de uma embarcação que, por algum motivo, ficou cerca de um mês sem ir para a água — o que é bem frequente por sinal e algo arriscado, como se verá mais adiante. De repente, no meio do mar, o motor simplesmente pára de funcionar, provocando preocupação, principalmente quando todo mundo percebe que o experiente comandante (ou seja, você!) não faz a mínima ideia do que aconteceu com ele. Só ao pedir ajuda e, depois, pagar um mecânico para resolver o problema é que você descobre, da pior maneira, qual é o preço da imprevidência. Sim, seu motor não estava com a revisão em dia. Pior: não era usado há tempos — e barcos precisam navegar com frequência, sob o risco de o motor entupir e outros equipamentos pifarem, sem qualquer aviso prévio. Moral da história: prevenir-se em terra firme é uma questão de inteligência, no mar, é um fator de sobrevivência. Não se brinca com barcos sem manutenção.
Como a dura realidade vive ensinando, para ampliar a vida útil de um barco é preciso seguir um programa de manutenção preventiva e fazer revisões periódicas nas partes mecânicas — motores, principalmente. No primeiro caso, os reparos, muitas vezes, podem ser feitos por você mesmo, sem o custo de mão-de-obra especializada. São medidas simples, como a troca dos anodos de sacrifício, pintura do fundo do casco, lubrificação do sistema de direção e limpeza do tanque de combustível. Já as revisões periódicas do motor exigem gente com conhecimento e responsabilidade. Mas são fundamentais. De acordo com especialistas na área, o custo de um check up de motor equivale a apenas cerca de 10% do valor que se gastaria se ele quebrasse por falta, justamente, de revisão. Ou seja, você não fica sem o barco na hora errada e ainda faz economia — sem falar na desvalorização de sua lancha ou veleiro por falta de manutenção, o que pode ser de até 20%, em relação a um outro barco igual e bem conservado. Afinal, embarcações, ao contrário dos automóveis, são avaliadas pelo seu estado e não necessariamente pela sua idade ou pelo tempo de uso.
Convencido? Então, confira quais são os principais equipamentos que exigem manutenção frequente nos barcos a motor.
Tanque
Se o seu motor for a diesel, limpe, uma vez por ano, o tanque de combustível. Isso evita, principalmente, o entupimento dos filtros.
Extintor
Dê uma olhadinha você mesmo para certificar que ele esteja no prazo de validade.
Salvatagem
Dedique atenção especial ao equipamento de salvatagem, como bóias, foguetes e sinalizadores. Eles devem estar sempre em bom estado e na validade.
Luzes
Sempre que possível, teste o estado das luzes de navegação. É uma maneira de evitar acidentes noturnos.
Direção,
Lubrificar o sistema de direção é fácil e ajuda a manter o volante sempre em bom estado.
Sanitários
Para não haver surpresas durante o passeio, dê descarga em todos eles para checar se funcionam.
Cunhos
A cada passeio, veja se os cunhos, amarradores e olhais de amarração não estão frouxos.
Gaiútas e vigias
Não tenha vergonha de jogar baldes de água sobre as gaiútas e vigias para testar se o vedamento está em bom estado.
Porão
Limpe o porão você mesmo toda semana. Isso evita que a bomba de esgotamento entupa.
Conexões
Cheque mangueiras, conexões e abraçadeiras. Se estiverem gastas ou com má aparência, troque-as imediatamente. Custam pouco, mas podem comprometer a segurança a bordo.
Casco
Não basta lavar com água doce. A presença de trincas, bolhas ou fissuras na pintura do fundo do casco podem indicar infiltrações.
Anodos
É fundamental trocá-los a cada seis meses, para evitar que a corrosão se espalhe pelo seu barco.
Rotor
É uma das peças mais importantes do motor. Deve ser trocada, no máximo, a cada seis meses, sob o risco de superaquecer e pifar o motor.
Baterias
Para que elas funcionem bem, faça uma inspeção nos terminais e conectores, pelo menos, a cada seis meses.
Filltros
Os filtros de água salgada e de combustível devem ser limpos, para evitar panes no motor.
Fiações elétricas
Verifique se a fiação está bem presa e se o quadro elétrico está em boas condições. Curtos-circuitos são uma das causas mais comuns de incêndios a bordo.
Cabine
Areje a cabine uma vez por semana, para evitar mau cheiro e mofo a bordo.
Âncora
As soldas da âncora, bem como o estado da sua corrente e o mecanismo de recolhimento, são itens de segurança e devem ser checados, pelo menos, a cada 15 dias.